Doenças transmitidas por carrapato
Doenças transmitidas por carrapato:
informação para promoção do bem-estar animal.
AUTORES:
Max Vinicius Brasil Campos (1)
Deborah Mara Costa de Oliveira (2)
- Acadêmico de Medicina Veterinária Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX)
- Profª Drª do Curso de Medicina Veterinária- Universidade Federal Rural da Amazônia
Em todo o Brasil nota-se o aparecimento constante de casos de doenças transmitidas pelo carrapato, apesar do crescente avanço na terapêutica e nos métodos diagnósticos aplicados à rotina da clínica médica veterinária.
O principal artrópode responsável pela transmissão dessa enfermidade em cães é o Riphicephalus sanguineus, conhecido popularmente como carrapato-vermelho-do-cão (1).
O carrapato é um parasita que precisa ingerir o sangue dos hospedeiros e, por isso, é capaz de transmitir doenças de um cão para o outro por meio de sua picada, daí vem o nome hemoparasitose (hemo = sangue; parasitose doença causada por parasita).
Uma das hemoparasitoses mais conhecidas é a DOENÇA DO CARRAPATO, uma enfermidade provocada por um conjunto de bactérias e protozoários responsáveis por lesões nas células sanguíneas e em muitos casos, é fatal ao animal.
Vamos saber um pouco mais sobre essa doença e sua importância para saúde pública.
Do que se trata esta doença?
As doenças transmitidas por carrapatos são mais comuns em cães, sendo ocasionadas pelo contato do artrópode infectado com o animal, podendo este transmitir os seguintes agentes infecciosos: Anaplasma platys, Babesia canis e Ehrlichia canis (2,3,4). Todos estes agentes podem acometer o animal separadamente ou de forma combinada, apresentando severa coinfecção e promovendo significativo declínio da saúde do paciente (1).
A Anaplasma platys possui a capacidade de infectar as plaquetas, causando prejuízo a coagulação intra e extra celular do animal, com período de incubação levando de 1 a 2 semanas e desenvolvendo a doença conhecida por anaplasmose (1).
A Babesia canis é o protozoário responsável pela babesiose em cães, uma das enfermidades mais recorrentes na clínica de pequenos animais, caracterizada pelo rompimento das hemácias durante a intensa multiplicação do parasita, podendo manifestar-se de maneira hiperaguda, aguda ou crônica (1,3).
Por fim, a Ehrlichia canis, causadora da erliquiose, é capaz de se multiplicar nos leucócitos circulantes, também conhecidos por glóbulos brancos. O período de incubação pode variar de 8 a 20 dias e a doença apresenta fases aguda, subclínica assintomática e crônica (4).
Quais os sinais clínicos?
As doenças transmitidas por carrapato podem sugerir sinais clínicos muito semelhantes entre si e são capazes de confundir, por isso se faz necessário realizar exames laboratoriais para ter certeza do diagnóstico. Confira na tabela abaixo os principais sinais clínicos:
PRINCIPAIS SINAIS OBSERVADOS DA HEMOPARASITOSE. |
|
ANAPLASMOSE |
Perda de peso Depressão Febre Mucosas pálidas ou hemorrágicas |
BABESIOSE |
Febre Letargia Vômito Icterícia Mucosas pálidas |
ERLIQUIOSE |
Perda de peso Desidratação Pontos hemorrágicos distribuídos ao longo da pele do animal Sangramento pelas narinas e febre |
Os sinais clínicos mais evidentes no início das doenças são a letargia e depressão, que podem induzir o tutor a acreditar que os cães estão apenas tristonhos, levando ao diagnóstico tardio e comprometendo as chances de recuperação do paciente (1). No entanto, estes são apenas alguns sinais de alerta, pois dependendo da competência imunológica, os pacientes podem apresentar outros pontos de importância clínica.
Como é realizado o diagnóstico?
Atualmente, o médico-veterinário apresenta ferramentas diagnósticas disponíveis e capazes de auxiliar na conclusão do caso clínico do animal, sendo necessária a avaliação do histórico do paciente, exame clínico, além dos exames laboratoriais solicitados pelo profissional (1).
Dessa forma, podem ser solicitados os Snaps de testagem rápida, como exemplo, o 4 DX Plus, capaz de detectar Anaplasma e Ehrlichia (1). No campo laboratorial estão disponíveis o hemograma, PCR (reação em cadeia da polimerase), entre outros. No entanto, o suporte necessário se inicia com o agendamento de uma consulta e referenciamento do profissional habilitado para a escolha do melhor protocolo para condução do caso (1).
Quais os tratamentos das doenças transmitidas por carrapato?
A terapêutica de eleição do médico-veterinário será definida levando em consideração o quadro clínico e os resultados dos exames laboratoriais. Nos casos mais leves e moderados, a utilização de antibióticos e antiparasitários podem ser indicadas para os quadros de hemoparasitose. É fundamental que os tutores sigam as recomendações do profissional e realizem o tratamento durante o tempo solicitado, mesmo que os sinais clínicos desapareçam, para garantir a eliminação total do parasita do organismo. No entanto, em casos mais avançados é importante realizar juntamente com o tratamento medicamentoso, a transfusão sanguínea para auxiliar na recuperação do animal (1,2).
Como prevenir?
A hemoparasitose pode levar o animal ao óbito, e por isso, deve-se manter atenção constante aos sinais apresentados e sempre deixar seu pet atualizado nas questões relativas à saúde e conversadas pelo médico-veterinário. Portanto, deve-se observar a presença de ectoparasitas ao longo do corpo, principalmente orelhas e regiões interdigitais. Também é importante evitar o contato com animais infestados e manter a higienização dos utensílios e ambiente de convívio do cão.
Referências consultadas:
1- BOTTEON, Karin Denise. Hemoparasitoses em cães. Nosso Clín., p. 44-45, 2019.
2- CESCA, Patricia Helena et al. INFECÇÃO POR Anaplasma platys EM UM CANINO DA RAÇA POODLE: RELATO DE CASO. Veterinaria e Zootecnia, v. 29, p. 1-6, 2022.
3- NOBRE, Rafaela Cristina Sales et al. BABESIOSE CANINA–RELATOS DE CASO. In: Anais Colóquio Estadual de Pesquisa Multidisciplinar (ISSN-2527-2500) & Congresso Nacional de Pesquisa Multidisciplinar. 2021.
4- MARQUES, Danilo; GOMES, Deriane Elias. ERLIQUIOSE CANINA. Revista Científica, v. 1, n. 1, 2020.